sábado, 5 de dezembro de 2009

Me peguei sentindo raiva do amor. O que todo mundo acha que é o amor, na verdade. Casais fofos se abraçando no cinema. Casais feios de mãos dadas. Casais suados se beijando embaixo de um sol de meio-dia. Essa necessidade infantil de ter alguém por perto durante todos os instantes de uma vida me causa certa repulsa. Sinto, porque quem não ama também sente, que as pessoas ruminam relacionamentos, enquanto eu os regurgito. Se submeter a uma falsa cumplicidade não é a solução para a insatisfação pessoal. Até porque a plenitude de uma satisfação é completamente utópica, principalmente se tratando de seres inferiorizados por não saberem lidar com a solidão. A ansiedade do vazio se torna prazerosa com o tempo e eu, definitivamente, não acredito nas emoções de uma estabilidade monótona, de uma comodidade mórbida. O isolamento é uma espécie de compulsão e há quem diga que isso é loucura. Loucura é se propor a breguisse de um suposto romantismo para sentir o ego um pouco menos dilacerado.

6 comentários:

Unknown disse...

No final das contas, você pensa exatamente a mesma coisa que eu. E eu tou absurdamente surpreso por ver isso. Haha. Não sei se é bom ou ruim, mas é.

Unknown disse...

A concepção de amor como uma "necessidade" é por si só um engano. De fato, o que o torna infantil é imaginar que um sentimento tão forte (contudo tão defasado)seja expresso pela contabilização das horas, dos minutos e segundos que se divide com outrem. O amor, assim como diversos outros sentimentos, pode ser guiado pelas rédeas da efemeridade, e isso não significa algo negativo... Ele vem. E será bem-vindo enquanto quiser permanecer. Aproveita-se o tempo que permanece entre as pessoas e isso não implica em desprendimento sentimental. Tampouco indica a ausência de plenitude. Afinal, esta muito difere de eternidade.

Gostei do texto.

R.B. Oliveira

Rafael Cinza disse...

Você, Oscar - poste de cima - e eu pensamos a mesma coisa, então. Hipocrisia total, essa de achar que só se é feliz estando com alguém. Eu não consigo conviver nem comigo mesmo... Apesar de eu já ter amado inúmeras garotas, eu, agora, estou livre desse sentimento escroto de possessão e submissão: estarei de férias por tempo indetermindado...

Samuel disse...

Cuidado, que o ateu acaba por falar mais de Deus que qualquer um.

Jaqueline Lima disse...

O medo de estar sozinho, falar sozinho e não ter reações segundas ou terceiras aos próprios sentimentos. Tentar fazer do outro o seu boneco, bicho ou qualquer coisa que a estima rotule. Enxergar no outro o que quer para si. Usar o outro, beijar o outro. Sem, muitas vezes, de fato se importar com o próximo. Um brinde às gotas de chocolate e ego.

Isabela disse...

falar de amor é complicado, mesmo porque o amor foi diluído e dilacerado pelos valores coisificados e pela necessidade de consumo. De que? não se sabe , a única certeza é que todos precisam consumir algo.
Queimar solidão com uma passeio ao shopping e almofada de coração.
Quantos corredores aa gente tem que percorrer pra perceber que amor não é gradeado por coraçõezinhos vermelhos?

gostei.