segunda-feira, 30 de março de 2009
domingo, 22 de março de 2009
sábado, 14 de março de 2009
2005 [em construção]
Fazia frio, muito frio dentro de mim. Um copo de café, uma carteira nova de cigarro e uma página do jornal de ontem. Poucos carros na rua. Comecei a andar sem rumo, chutando as pedras em minha frente. Acendi o primeiro cigarro enquanto ainda havia resquícios de café no copo. Não havia som algum, a não ser da minha respiração cansada. Cansada de mim. O cigarro se acabou quando notei que alguns carros e pessoas apareciam na rua. Pessoas indo trabalhar e estudar. O céu fechado de nuvens condenava a chuva que viria. E veio. As gotas do chuvisco se misturavam com a terra seca e vermelha. Formou-se lama. Meu cabelo molhou, caindo sobre meus olhos cansados. Cansados de mim. Mais algumas pedras chutadas e um cigarro molhado. A chuva apertou e eu não tinha para onde ir. Na verdade tinha, mas era de lá que estava tentando fugir.
Refugiei-me em uma recepção de um prédio comercial qualquer. Os funcionários reclamavam do café. Fraco e sem açúcar. Café fraco me deprime, faz meu dia começar mal e me dá a certeza de que terminará assim. Sentei-me em um banco, apoiei o rosto em minhas mãos e esperei a chuva cessar. Sem motivos, pensei no porque tantas pessoas dizem que não se vive de passado. Enquanto eu posso lembrar onde eu errei, continuo tentando ser uma pessoa melhor. Mas não tento ser melhor para qualquer um. Eu não confio em quem confia em mim.
Talvez por causa de tantas angústias entaladas em minha garganta eu estava lá. Sozinha. Não tenho medo da solidão, não hoje. Sabendo que tudo pode mudar amanhã, não me aventuro em nomear amigos ou amores. Não hesito em terminar mais uma vez um romance. A dor só prova que eu existo. Acordando quase afogada do mar de pensamentos que me atordoavam, levantei-me assim que notei apenas uma gota ou outra caindo do céu. Peguei mais um cigarro e prossegui sem rumo. Andei e andei até sentir minhas pernas cansadas. Cansadas de mim.
Fui ao ponto de ônibus. Acendi um cigarro. Um amigo me disse que toda vez que você acende um cigarro seu ônibus passa, só para ter que apagá-lo. E isso sempre deu certo comigo. Peguei um ônibus, as janelas estavam abafadas. Odeio janelas fechadas. Dei a volta na cidade e parei no mesmo lugar. Acho que essa é uma das coisas que todos deveriam fazer uma vez na vida. Exceto quando as janelas estão fechadas. Desci do ônibus, chutei uma pedra enorme e virei a esquina. Esquina não. Aqui não tem esquina, porque aqui não tem rua, não tem graça.
Abri a porta de casa e lá estava ela, abrindo um livro de um país qualquer que provavelmente nunca vai chegar a conhecer e ouvindo uma música que eu não suportava. E eu chegava devagar como se não conhecesse nenhuma parte de seu corpo. Tentando novos caminhos, talvez atalhos. De certo, me perdi. Ela abriu os olhos até então bem apertados e guiou minhas mãos. Nesse momento a música não fazia mais diferença. Eu escutava as batidas de um coração. Não sabia se era o meu ou o dela. E no ápice de toda a minha sinceridade, congelei meus olhos nos dela. Ela desviou o olhar. Levantei-me e segui para a porta olhando a bagunça que eu deixei naquele lugar e nela também. Esquece, esquece...
Acendi um cigarro e senti um gosto diferente. Gosto de lágrimas. Já não tinha forças para chutar mais nada.
segunda-feira, 9 de março de 2009
Ela era confiante demais
Desabava de olhos fechados imaginando que tudo sempre daria certo
Criava o mundo dela cheio de vaidade, cheio de mentiras
E nesse mundo ela escolhia tudo
Lugares bonitos, rostos bonitos
As oportunidades surgiam tão facilmente que ela acabou cansando
Abriu os olhos e pela primeira vez sentiu dor
Correu em direção a luz
Queria gritar
As palavras se perdiam em meio a insegurança
Era tão cômodo premeditar tudo
Sentiu-se aflita.
Fechou os olhos e tentou sonhar
Não conseguia mais
Então ela trancou seu coração
Ele era vulnerável demais
Trancou sua mente.
Ela era fútil demais
Correu de volta a penumbra e atirou-se no vazio.
domingo, 8 de março de 2009
V
é bem verdade
que lembro de você
em cada instante que me vejo
quero agradecer
por todas as vezes que estivemos juntos
queria que soubesse que foi o único
no qual confiei meu sentimentos
e não me decepcionei
se te decepcionei
desculpa - eu pedi
e peço de novo
escute de onde está
sei que faz todo mundo feliz aí
sonhei que tudo isso era uma brincadeira
e você voltava sorrindo
diga que é assim
tudo seria tão mais fácil se você voltasse
isso tem sido difícil para todos nós
prometa ser o mesmo quando te encontrar
juro que quero sentir de novo
o que senti contigo e só contigo
se soubesse que seria o último beijo
não deixaria que fosse roubado
me arrependo
e me arrependo até não cansar.