quarta-feira, 25 de novembro de 2009


Ansiedade corrosiva


Cigarro de chocolate


Nem tudo cheirava a lavanda, mas não há como negar que as imagens se tornaram melancolicamente nostálgicas. É como colecionar desgraças, conservando-as em um potinho de mentiras, para observá-las depois. Só observá-las. Tecer histórias em becos sujos e ruas sem saída. Labirintos psicológicos em meio quarteirão de felicidade. E se valia a pena, não era para mim, pois eu estava enclausurado em uma infância. Estaria para sempre a partir do momento em que me arrancariam de lá. O fizeram de tal forma, abrupta, que a minha memória permaneceu naquela última noite: caixas pardas empilhadas e minha bicicleta sendo vendida. Seria, então, a última vez que eu poderia olhar para um espaço considerado lar. Aquelas paredes sempre ocupadas por quadros pintados por meu avô e pratinhos ingleses de minha avó. Até parecia inusitado como aquela louça, meticulosamente posicionada, preenchia a sala com um fôlego. E os elementos se tornariam a minha fixação. Isto aqui não tem carpete cinza desbotado. Isto aqui não é lar. Ainda acho que me enganaram naqueles últimos dias, do pouco que me lembro, parecia iludido. Como se tivessem me dito que seriam somente férias de verão. Essas férias nunca acabaram, e eu odeio o verão.

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Três em um fim de dia


O Eduardo é massa

Fim de dia preguiçoso
A Carol é fofa uiuuuiuiui
AMOELA
Calor, suor e sedução
Eduardo! Eduardo! Eduardo!
Vontade de dar?
Sério?
Não.
Marcos?
Eduardo!



Osez Réver


A verdade é que eu tenho te evitado. Desculpa. Queria, por um instante, que você fosse capaz de responder, e não só de guardar minhas palavras. É que eu estou muito sozinho por aqui. A culpa é minha por esquecer de visitá-lo. Ou não, preechê-lo. Talvez seja mesmo um castigo dormir ao seu lado sabendo que as minhas novidades são velharia para você.


Confesso que essa coisa "estranha" em ser/estar gay é fascinante.

Não é que tudo fica mais passional?

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Não revisado


Sem que eu precisasse apertar a campainha ou bater, a maçaneta girou. Seu rosto apareceu em um palmo de porta aberta, enquanto seu corpo se escondia de mim. Então ela sussurrou:

- Pode entrar.

Abro a palma da mão sobre a porta, empurrando-a.

- Não quero tomar seu tempo.

- Então tome meu espaço – Disse ela me dando as costas.

Parecia que havia retornado a pouco de alguma festa. Usava um vestido preto de cetim que a merecia e maquiagem para disfarçar a idade.

Era uma sala incandescente, com largas janelas, um sofá e um abajur de leitura. Só.
Sentou-se no sofá, cruzando as pernas, enquanto procurava com os olhos seu maço de cigarros.

Eu ainda estava em pé, encarando-a, devorando-a. Peguei dois cigarros no bolso da minha camisa e fui a sua direção. Coloquei um deles em sua boca e outro na minha. A fiz esperar. Só assim eu podia controlar seu desejo. Acendi e me sentei ao seu lado. Senti seu perfume misturado com suor.

- Quer dizer que você decidiu voltar?

Ela respondeu sem pressa:

- É que a vida é longa demais. Dá tempo de ser e deixar de ser.

- O que você deixou de ser?

(silêncio)

Ela se levantou e falou, sem que eu pudesse ver seu rosto:

- Você sabe que sou muito mais velha.

- Sim.

- Então por que está aqui?

- Na verdade, você pediu. - Sussurrei.

Deu um último trago e jogou o cigarro ainda aceso pela janela.


segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Twittada com mais de 140 caracteres


Não sou bipolar, mas minha vida é. E, às vezes, ela me odeia. Aí penso em abandoná-la de vez. Mas no instante seguinte ela diz que me ama, e eu fico.