segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

o.


e tenho vontade de expulsar
é tão bom que eu não consigo suportar
pega o que tem dentro e puxa mais ainda
Esses lençóis continuam brancos, e eu estou sob eles como se já estivesse morto.

sábado, 5 de dezembro de 2009

Me peguei sentindo raiva do amor. O que todo mundo acha que é o amor, na verdade. Casais fofos se abraçando no cinema. Casais feios de mãos dadas. Casais suados se beijando embaixo de um sol de meio-dia. Essa necessidade infantil de ter alguém por perto durante todos os instantes de uma vida me causa certa repulsa. Sinto, porque quem não ama também sente, que as pessoas ruminam relacionamentos, enquanto eu os regurgito. Se submeter a uma falsa cumplicidade não é a solução para a insatisfação pessoal. Até porque a plenitude de uma satisfação é completamente utópica, principalmente se tratando de seres inferiorizados por não saberem lidar com a solidão. A ansiedade do vazio se torna prazerosa com o tempo e eu, definitivamente, não acredito nas emoções de uma estabilidade monótona, de uma comodidade mórbida. O isolamento é uma espécie de compulsão e há quem diga que isso é loucura. Loucura é se propor a breguisse de um suposto romantismo para sentir o ego um pouco menos dilacerado.

quarta-feira, 25 de novembro de 2009


Ansiedade corrosiva


Cigarro de chocolate


Nem tudo cheirava a lavanda, mas não há como negar que as imagens se tornaram melancolicamente nostálgicas. É como colecionar desgraças, conservando-as em um potinho de mentiras, para observá-las depois. Só observá-las. Tecer histórias em becos sujos e ruas sem saída. Labirintos psicológicos em meio quarteirão de felicidade. E se valia a pena, não era para mim, pois eu estava enclausurado em uma infância. Estaria para sempre a partir do momento em que me arrancariam de lá. O fizeram de tal forma, abrupta, que a minha memória permaneceu naquela última noite: caixas pardas empilhadas e minha bicicleta sendo vendida. Seria, então, a última vez que eu poderia olhar para um espaço considerado lar. Aquelas paredes sempre ocupadas por quadros pintados por meu avô e pratinhos ingleses de minha avó. Até parecia inusitado como aquela louça, meticulosamente posicionada, preenchia a sala com um fôlego. E os elementos se tornariam a minha fixação. Isto aqui não tem carpete cinza desbotado. Isto aqui não é lar. Ainda acho que me enganaram naqueles últimos dias, do pouco que me lembro, parecia iludido. Como se tivessem me dito que seriam somente férias de verão. Essas férias nunca acabaram, e eu odeio o verão.

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Três em um fim de dia


O Eduardo é massa

Fim de dia preguiçoso
A Carol é fofa uiuuuiuiui
AMOELA
Calor, suor e sedução
Eduardo! Eduardo! Eduardo!
Vontade de dar?
Sério?
Não.
Marcos?
Eduardo!



Osez Réver


A verdade é que eu tenho te evitado. Desculpa. Queria, por um instante, que você fosse capaz de responder, e não só de guardar minhas palavras. É que eu estou muito sozinho por aqui. A culpa é minha por esquecer de visitá-lo. Ou não, preechê-lo. Talvez seja mesmo um castigo dormir ao seu lado sabendo que as minhas novidades são velharia para você.


Confesso que essa coisa "estranha" em ser/estar gay é fascinante.

Não é que tudo fica mais passional?

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Não revisado


Sem que eu precisasse apertar a campainha ou bater, a maçaneta girou. Seu rosto apareceu em um palmo de porta aberta, enquanto seu corpo se escondia de mim. Então ela sussurrou:

- Pode entrar.

Abro a palma da mão sobre a porta, empurrando-a.

- Não quero tomar seu tempo.

- Então tome meu espaço – Disse ela me dando as costas.

Parecia que havia retornado a pouco de alguma festa. Usava um vestido preto de cetim que a merecia e maquiagem para disfarçar a idade.

Era uma sala incandescente, com largas janelas, um sofá e um abajur de leitura. Só.
Sentou-se no sofá, cruzando as pernas, enquanto procurava com os olhos seu maço de cigarros.

Eu ainda estava em pé, encarando-a, devorando-a. Peguei dois cigarros no bolso da minha camisa e fui a sua direção. Coloquei um deles em sua boca e outro na minha. A fiz esperar. Só assim eu podia controlar seu desejo. Acendi e me sentei ao seu lado. Senti seu perfume misturado com suor.

- Quer dizer que você decidiu voltar?

Ela respondeu sem pressa:

- É que a vida é longa demais. Dá tempo de ser e deixar de ser.

- O que você deixou de ser?

(silêncio)

Ela se levantou e falou, sem que eu pudesse ver seu rosto:

- Você sabe que sou muito mais velha.

- Sim.

- Então por que está aqui?

- Na verdade, você pediu. - Sussurrei.

Deu um último trago e jogou o cigarro ainda aceso pela janela.


segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Twittada com mais de 140 caracteres


Não sou bipolar, mas minha vida é. E, às vezes, ela me odeia. Aí penso em abandoná-la de vez. Mas no instante seguinte ela diz que me ama, e eu fico.


sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Mãos


Essas mãos dizem tanto, silenciosas. Vivem, quentes, entre pernas e não reclamam. Pois são o que são. São mãos. Tornam a se contorcer só para acompanhar. Quando tocam, são capazes de acariciar a dor e esmagar o prazer. Quando retocam, alguém morre nelas.

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

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Você ainda nem partiu e eu já sinto. O pior é que, quando voltar, continuará a mesma coisa. Então, eu vou esperar você me ligar e dizer que desistiu de tudo. Que não vai mais sair de casa e nem voltar pra ela.

Por que o outro lado da cama é tão distante?